24 agosto 2009

REDE DE INFORMAÇÕES POLICIAIS

Hoje, organizações policiais têm excesso de informações em vez de carências. Imenso repositório de informações e conteúdos arquivados, relatórios de investigação, laudos técnicos, depoimentos, ocorrências, inquéritos, o que obriga o setor de Inteligência a realizar uma tarefa de seleção mental intensa. A Inteligência Policial dispõe de sistemas informatizados que permitem acessar uma ampla variedade de bancos de dados, acesso a um imensurável volume de informações, decorrentes de interceptações e movimentos bancários, sem considerar o vasto material informativo na Internet. Apesar de tudo isso, muitos sentem que estão mal informados.

Os analistas e investigadores freqüentemente suspeitam que o conhecimento que desejam existe em algum lugar. O que lhes falta é uma maneira de acessar o ambiente de conhecimento e identificar os tipos específicos de conhecimento, tanto interna quanto externamente. Nesse contexto, é preciso é criar uma organização em forma de rede de fluxo de conhecimento, e como o resultado deste processo, contribuir para aumentar a capacidade da investigação criminal.

Uma estrutura em rede significa que seus integrantes se ligam horizontalmente a todos os demais, diretamente ou através dos que os cercam. O conjunto resultante é como uma malha de múltiplos fios, que pode se espalhar indefinidamente para todos os lados, sem que nenhum dos seus nós possa ser considerado principal ou representante dos demais. Pode-se dizer que no trabalho em rede não há um centro, o que há é uma equipe trabalhando com uma vontade coletiva de realizar determinado objetivo (FERNANDES 2004).

Segundo Paldony e Page (1998), uma rede é uma coleção de atores que estabelecem relações de troca de longo prazo, e que ao mesmo tempo, não possuem legitimidade e autoridade para arbitrar e resolver disputas, que podem ocorrer durante a troca. Composta por diferentes atores (pessoas, organizações, empresas etc.) que interagem entre si, a rede possui interações que não se dão em momentos únicos, mas são repetidas ao longo do tempo, configurando um determinado padrão. Esses relacionamentos caracterizam trocas de informações, experiências, recursos etc., ou seja, a cada interação algo é trocado. Os agentes destas trocas mantêm um razoável grau de independência formal entre si.

O processo de gestão de conhecimento em organizações, num ambiente em rede, tem dois objetivos:

Disseminar e distribuir informações e o conhecimento através dos atores que compõem a rede, disponibilizando o conhecimento em todos os pontos da rede onde será utilizada em tempo real na investigação;
Permitir um processo colaborativo e integrado para a geração de conhecimento de forma multidimensional com visão de contexto e de forma global por toda a organização.

O funcionamento de organizações policiais em rede está além da capacidade de transmissão física tecnológica de informações. O foco principal é a conexão e a comunicação entre pessoas, grupos de pessoas e setores da organização, configurando também uma rede social integrada, produzindo a informação e o conhecimento de forma sistêmica. Não é uma estrutura fixa hierarquizada. Todos os componentes da organização estão entrelaçados por meio de processos sistêmicos e princípios que realizam uma configuração interativa para constituir um ambiente de contatos como verdadeiros neurônios, onde ocorre a transmissão e impulsos de uma célula para outra, gerando comunicação, cognição, memória, aprendizagem e raciocínio na organização.

FERNANDES, Karina, Ribeiro. Constituição de redes organizacionais como nova forma de gestão das organizações do terceiro setor. 2004. Disponível em: www.inca.gov.br/rede/documentos/const_redes_org_terceiro_setor.pdf. Acesso em: 22/10/2006.

PALDONY e PAGE, 1988, Annual Review Sociology, 24, pp. 57-76, 1998. Disponível em: http://www.embsig.gpi.ufrj.br/pdfs/artigos/. Acesso em 17/10/2006.