Celso Moreira Ferro Júnior e George Felipe de Lima Dantas
Etimologicamente [1],
a palavra "cognição" deriva das expressões latinas "cognitio" ou "cognoscere", que por sua vez
conotam as operações da mente humana que permitem estar ciente da existência de
objetos, pensamentos ou percepções. Nela estão incluídos aspectos da percepção,
pensamento e memória. A cognição é, portanto, um processo pertinente às
operações mentais do intelecto. Já a inteligência seria a faculdade de
aprender, com a cognição estando relacionada aos métodos ou processos
envolvidos nessa "aprendizagem inteligente".
Com a emergência da Tecnologia da Informação (TI), surge agora, também, uma
nova inteligência, a chamada Inteligência Artificial (IA). A IA representa uma
tecnologia desenvolvida a partir da moderna Ciência da Computação[2],
constituindo-se em um dos seus ramos atuais, relacionado com a possibilidade
dos computadores adquirirem pseudo-faculdades e pseudo-comportamentos
cognitivos inerentes ao que se convencionou chamar "inteligência
humana".
A expressão AI
("Artificial Intelligence")
teria sido cunhada em 1956 por John McCarthy, pertencente ao conhecido MIT -- Massachusetts Institute of Technology
(Instituto de Tecnologia de Massachusetts).
Podem ser identificadas quatro áreas de aplicação da IA: (i) jogos por
computador (xadrez, por exemplo); (ii) sistemas especialistas que incluem a
programação de computadores para instrumentar a tomada de decisão (diagnósticos
criminais e análise de vínculos, por exemplo); (iii) linguagens naturais, que
permitem a interação em língua corrente entre humanos e computadores; (iv)
robótica, que envolve a programação de computadores para que vejam ouçam e
reajam a determinadas situações de igual maneira que seres humanos e,
finalmente; (v) redes neurais ou sistemas que simulam a inteligência humana a
partir do estabelecimento de conexões virtuais semelhantes àquelas existentes
entre células do sistema nervoso central, ou seja, redes de pontos de
interconexões, ou de vínculos.
Próximo disso é o
caso dos Sistemas de Análise de Vínculos. A última das quatro áreas
acima-citadas seria especificamente aplicável em auxílio à cognição humana
aplicada na AV e Análise Criminal (AC). A visualização da informação, ou
"inteligência visual", é parte essencial da inteligência humana, em
sua capacidade específica de percepção ou cognição a partir de símbolos,
códigos e sinais como os utilizados em aplicativos da AV.
As teorias cognitivas
que dão fundamento ao estudo da IA estabelecem comparações entre "input"
(entrada de dados para processamento), "processamento" e
"output" (processamento e saída do resultado do processamento),
emulando a percepção, pensamento e processo decisório englobados no
funcionamento e produção de conhecimento pela mente humana.
De acordo com FEW
(2004), algumas das oportunidades mais promissoras para a inteligência de
negócios, na atualidade, podem ser percebidas a partir de tecnologias que estão
apenas começando a explorar um incrível potencial de visualização da
informação.
Few observa ainda que
não é todo tipo de informação que se presta àquele tipo de análise e
apresentação. Ele aponta que a "descoberta efetiva", algumas vezes,
envolve "ler através de pilhas de documentos textuais, ou de laborioso
estudo, linha após linha, de detalhes de relatórios apresentados sob forma
tabular". No mesmo artigo de referência, observa que freqüentemente o
melhor da nossa compreensão emerge quando olhamos para "desenhos dos
dados". Segundo ele, isso ocorreria em função da visão ser o sentido dominante
nos seres humanos.
No mesmo passo,
aquele mesmo autor ensina que ao examinarmos dados propriamente apresentados
visualmente, algumas vezes experimentamos "rasgos de reconhecimento"
que somente ocorreriam após horas de laborioso estudo (sem maiores estímulos
visuais) para possibilitar a mesma espécie de "descoberta". Tal
descoberta seria o ápice do processo cognitivo.
Expressando de outra
forma ainda, a cognição seria o elemento propulsor da consecução de processos
sistêmicos e continuados de coleta da informação, tal como hoje pode ocorrer
extensamente com a aplicação de TI. Isso ocorreria de tal maneira que ficasse
facilitada a interpretação e construção do conhecimento.
PROSBST ET al. (2002) apontam que, ao contrário de fazer distinções nítidas entre
dados, informações e o conhecimento resultante da sua análise e interação, pode
ser mais útil considerá-los, todos, como partes de uma série contínua, com os
dados sendo considerados em uma extremidade e o conhecimento na outra. Assim,
partindo da reunião de sinais esparsos, poderiam ser formados padrões
cognitivos sobre os quais as ações institucionais de uma determinada
atividade-fim seriam executadas, como
acontece nas instituições que se valem da investigação na sua
atividade-fim.
As habilidades, técnicas e conhecimentos, para tanto, só podem ser lentamente
adquiridos pelos seres humanos. Elas se desenvolvem ao longo do tempo, por
intermédio de um processo em que agregados parciais de informações são reunidos
e interpretados. Ou seja, a elaboração do chamado "conhecimento
complexo" só pode ocorrer em uma lenta progressão ao longo de um contínuo
de dados, informações e tempo de reflexão propriamente dito.
Já segundo HAYES e ALLINSON (1994) a cognição está relacionada com a maneira
como as pessoas adquirem, armazenam e utilizam o conhecimento. Em tal contexto,
a cognição pode ser interpretada como a busca, processamento e utilização de
informações, gerando finalmente um significado efetivo de conhecimento para as
organizações.
A criação de significado começa quando ocorre alguma mudança no ambiente da
organização, conforme explica CHOO (2003), provocando perturbações ou variações
nos fluxos de experiência, que terminam assim por afetar os membros da
organização considerada. Essa mudança, essencialmente ecológica (ambiental),
exige que os membros da organização tentem entender diferenças e determinar seu
significado.
Ao tentar entender o
sentido dessas mudanças ou diferenças, os agentes da organização podem isolar
parte delas para um exame mais detalhado. Necessário ter em conta, repetindo, que a cognição é um processo mental humano
associado com a análise e o processamento da informação para resolução de
problemas e tomada de decisão. Colocado de outra forma, a cognição envolve
processos desenvolvidos pelas organizações para identificar padrões e
tendências, captar dados e organizar a informação em bancos de memória, com
tudo isso possibilitando a realização de diagnósticos e produção de
conhecimento na esfera de atividades das organizações.
CHOO, C.W. A Organização do conhecimento: como as
organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e
tomar decisões. São
Paulo: Editora Senac, 2003, p. 33-34.
FEW, Stephen, A better view into
relationships. Disponível em:
.
Acesso em 09 jul. 2005.
HAYES, J; ALLINSON, C. Cognitive
style and its relevance for management practice. London: British Journal of
Management, vol. 5, n.1, p.53-71, 1994.
PROBST, Gilbert; RAUB, Steffen;
ROMHARDT, Kai. Gestão do conhecimento - os
elementos construtivos do Sucesso. Editora Bookman, 2002, p.63-64. 17.
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